Mais uma vez Cabrobó retorna ao palco da resistência contra-hegemônica ao poder do capital financeiro e especulativo que se apropria do mito desenvolvimentista da Transposição do Rio São Francisco. A cidade de Pernambuco às margens do Rio São Francisco é palco de uma manifestação dos movimentos sociais que se encontram acampados para impedir a grotesca Transposição do velho Chico. Em 2005, Cabrobó foi o cenário da greve de fome promovida pelo bispo de Barra, Dom Luis Cappio que com o verdadeiro espírito de Francisco de Assis e na defesa do outro Chico, o rio, colocou-se com uma voz profética que clama no Semi-Árido nordestino. Dessa vez, Frei Luis não está sozinho. Cabrobó recebe centenas de militantes de vários movimentos sociais do campo que também como vozes proféticas se lançam na contramão da história para defender a vida do Rio São Francisco contrários ao projeto de morte imposto pela lógica desenvolvimentista que paira sobre o Palácio do Planalto e sobre o Ministério da Integração Nacional.
Além do povo indígena Truká em maioria no acampamento da vida, outros movimentos sociais reforçam o clamor popular de vozes do semi-árido contrárias ao Projeto de Transposição do Rio São Francisco, tais como: o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), Cáritas Brasileira, o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), a CPT (Comissão Pastoral da Terra), ASA (Articulação do Semi-Árido), MAB (Movimento dos Atingidos pelas Barragens), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), MONAPE (Movimento Nacional dos Pescadores), CETA (Movimento Estadual dos Trabalhadores Assentados Acampados e Quilombolas da Bahia), SINDAE (Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto no Estado da Bahia), CPP (Comissão Pastoral dos Pescadores), AATR (Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia), PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular), CREA/BA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia), SINDIPETRO AL/SE (Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe), CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas), Federação Sindical e Democrática de Metalúrgicos do Estado de MG, Terra de Direitos, Fórum Nacional da Reforma Agrária, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Fórum Permanente em Defesa do Rio São Francisco / BA, Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de MG, Fóruns de Organizações Populares do Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco e Frente Cearense Por uma Nova Cultura da Água.
Qual é o significado de Cabrobó? Os mesmos sonhos, as mesmas esperanças, as mesmas alegrias e tristezas dos povos do campo que na história do Brasil lutaram para conquistar seu lugar de direito negado. Assim, de Canudos ao Contestado, de Trombas e Formoso à Encruzilhada, das Ligas Camponesas ao MST, até chegarmos a Cabrobó, todos e todas possuem um mesmo desejo: o de ver e ter a vida para todos e todas. Cabrobó hoje significa a luta pela vida.
Além do povo indígena Truká em maioria no acampamento da vida, outros movimentos sociais reforçam o clamor popular de vozes do semi-árido contrárias ao Projeto de Transposição do Rio São Francisco, tais como: o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), Cáritas Brasileira, o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), a CPT (Comissão Pastoral da Terra), ASA (Articulação do Semi-Árido), MAB (Movimento dos Atingidos pelas Barragens), MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo), MONAPE (Movimento Nacional dos Pescadores), CETA (Movimento Estadual dos Trabalhadores Assentados Acampados e Quilombolas da Bahia), SINDAE (Sindicato dos Trabalhadores em Água e Esgoto no Estado da Bahia), CPP (Comissão Pastoral dos Pescadores), AATR (Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia), PJMP (Pastoral da Juventude do Meio Popular), CREA/BA (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia), SINDIPETRO AL/SE (Sindicato dos Petroleiros de Alagoas e Sergipe), CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas), Federação Sindical e Democrática de Metalúrgicos do Estado de MG, Terra de Direitos, Fórum Nacional da Reforma Agrária, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Fórum Permanente em Defesa do Rio São Francisco / BA, Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de MG, Fóruns de Organizações Populares do Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco e Frente Cearense Por uma Nova Cultura da Água.
Qual é o significado de Cabrobó? Os mesmos sonhos, as mesmas esperanças, as mesmas alegrias e tristezas dos povos do campo que na história do Brasil lutaram para conquistar seu lugar de direito negado. Assim, de Canudos ao Contestado, de Trombas e Formoso à Encruzilhada, das Ligas Camponesas ao MST, até chegarmos a Cabrobó, todos e todas possuem um mesmo desejo: o de ver e ter a vida para todos e todas. Cabrobó hoje significa a luta pela vida.
Assim como Marx em 1848 já afirmava: “Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo. Para persegui-lo se unem numa santa aliança todas as potências da velha Europa: o papa e o czar, Guizot e Metternich, os radicais da França e os policiais da Alemanha” (Cf. Manifesto do Partido Comunista). Poderíamos também afirmar hoje em nosso atual momento histórico onde os sujeitos coletivos de Cabrobó se levantam enquanto força contra-hegemônica, a saber: “Um fantasma ronda o Planalto – o fantasma de Cabrobó. Para persegui-lo se unem numa santa aliança todos os poderes do velho Estado Liberal: o executivo, o legislativo e o Judiciário, de Lula aos Democratas (antigo PFL), Ciro Gomes e Geddel, os empresários do mundo rural ligados ao agronegócio e os aproveitadores do hidronegócio”.
A ordem de despejo já foi dada. Para isso, a justiça é bem rápida em se tratando de interesses que vão contra a ordem estabelecida e aos anseios da classe dominante. Mas, a decisão dos movimentos sociais que ali se encontram é permanecer e lutar. Principalmente, o povo indígena Truká que agora são literalmente ameaçados pela Transposição que se encontram há mais de 10 anos lutando pela demarcação da área como reserva indígena. O governo faz literalmente vistas grossas para esse fato, neste momento o que importa é fazer a transposição sem ouvir as comunidades e os movimentos sociais que sabem dos impactos que poderá ocorrer no Rio São Francisco.
Muitos e muitas, mesmo distante da profética Cabrobó, encontram-se unidos pela mesma causa. Dentre eles, o teólogo Leonardo Boff afirma que o momento de Cabrobó é “de dar uma lição de democracia participativa, obrigando o poder público a discutir com o povo organizado. Aqueles que estão no poder são apenas delegados do poder popular. Este nunca pode ser dispensado. E a proposta alternativa que nasceu das bases não é apenas mais barata, mas a mais adequada àquele ecossistema e que melhor atende aos anseios do povo que conhece a realidade” (Fonte: Adital, 02/07/2007).
Para o governo Lula fica uma pergunta séria: A quem seu governo serve? A que interesses está seu governo que possui um mandato popular legitimado pela vontade do povo? A quem interessa realmente essa famigerada Transposição do Rio São Francisco? A questão se torna mais séria neste momento, pois há um povo indígena que clama pelo direito legal à demarcação de suas terras e caso o Executivo, o Legislativo e o Judiciário fechem os olhos para isso, entraremos numa posição contrária ao Estado de Direito.
Parece que a busca pelo desenvolvimento a todo custo bateu às portas do Planalto e que agora se criou o mito de que somos obrigados a nos desenvolver a qualquer custo mesmo que o desenvolvimento tenha impactos ambientais contrários ao momento histórico em que vivemos e mesmo que prejudique centenas de famílias ribeirinhas, camponeses e povos indígenas. A lógica é realmente essa, pois os interesses são outros ou seria de outros?
O desejo dos movimentos sociais que construíram o acampamento da vida é de que o Exército interrompa as obras de Transposição do Rio São Francisco e que se abra um canal de diálogo, pois até o momento não houve diálogo entre os movimentos sociais e o governo. Desde a greve de fome de Dom Luis Cappio, o que aconteceu foram muitas promessas de encontros, discussões, verificação conjunta das possibilidades ou não dos impactos ambientais, revitalização do Rio, mas até o momento, nada disso aconteceu. Neste momento, de levante popular, de luta democrática, de participação social na defesa do meio ambiente, da terra e da água, contrários à lógica da Transposição que beneficiará o Agronegócio e o Hidronegócio, os movimentos sociais não podem ceder as pressões do governo, é preciso acima de tudo resistir as ameaças. Também não é hora de dialogar com parlamentares e com os representantes de Ministérios. É hora de exigir do governo uma posição para que realmente interrompa as obras e a partir daí criar canais de um diálogo possível, bilateral e que aconteça de forma democrática em Fóruns, Conferências e Seminários.
Acampados pela vida, vida de acampados em nome de uma causa que implica uma pedagogia da resistência contra os sistemas de morte que penetraram até mesmo no universo simbólico de um governo dito de esquerda, mas que na verdade, demonstra sua verdadeira opção pelos banqueiros, pelos empresários, pelo agronegócio e pelo hidronegócio. Cabrobó representa hoje a luta pela vida do Rio São Francisco, mas também, a resistência do povo indígena Truká, das mulheres lavadeiras, das comunidades ribeirinhas e dos camponeses que se utilizam do velho Chico de forma sustentável. A sustentabilidade do Rio São Francisco está ameaçada. Por isso mesmo é que Cabrobó ressurge, com vida nova para dar nova vida e esperança aos povos do Semi-Árido.
Claudemiro Godoy do Nascimento
Filósofo e Teólogo. Mestre em Educação/Unicamp. Doutor em Educação/UnB. Professor da Universidade Federal do Tocantins – UFT/Campus de Arraias.
E-mail: claugnas@uft.edu.br / claugnas@yahoo.com.br
Escrito e publicado em 03 de julho de 2007: http://www.adital.org.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=28315&buscaE-mail: claugnas@uft.edu.br / claugnas@yahoo.com.br
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