A Coordenação Nacional da CPT vem a público para externar sua alegria pela comemoração dos 25 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, neste mês de janeiro.
São passados 25 anos que marcaram a História dos Movimentos Camponeses no Brasil. A organização e combatividade do MST, a clareza de suas estratégias de luta, as conquistas de novos espaços para o assentamento de famílias, e seu envolvimento com os grandes temas nacionais e internacionais lhe renderam o reconhecimento tanto nacional, quanto internacional. No Brasil não há quem não conheça o movimento. Pesquisa do IBOPE, em meados de 2008, sob encomenda da Vale, mostrou que 97% da população brasileira conhece o MST, o que levou o instituto a concluir, em suas considerações finais, que "o MST é um movimento já incorporado pela sociedade como uma das "instituições" brasileiras".
Sua bandeira vermelha tremula de Norte a Sul do País. Seus bonés vermelhos circulam tanto nas grandes capitais, bem como nos mais distantes rincões do território nacional. E cobrem ou já cobriram a cabeça de milhares de pessoas simples, mas também de autoridades e de pessoas influentes em nossa Nação. Quando usado pelo Presidente da República provocou uma reação hipócrita daqueles que se consideram os portavozes da nacionalidade restrita a um pequeno grupo de privilegiados.
Seus acampamentos povoam as margens das rodovias, escancarando aos olhos de todos os que querem ver a escandalosa realidade agrária brasileira calcada sobre a histórica concentração de terras, deixando centenas de milhares de famílias sem a possibilidade de acesso à terra para viver e cultivar.
Se por um lado o movimento goza de imensa simpatia de diversos setores da sociedade brasileira, por outro é execrado e combatido com todas as armas possíveis - desde Decretos do poder Executivo que impedem a vistoria de áreas ocupadas, e criminalizavam lideranças, passando pelos inúmeros processos movidos contra elas no âmbito do poder judiciário, por CPIs no Legislativo nas quais se queria taxar de terroristas suas ações, chegando aos meandros do Ministério Publico, que no Rio Grande do Sul simplesmente propunha a extinção do Movimento e agora ao Tribunal de Contas da União, na tentativa de asfixiá-lo. Culmina na calúnia, perseguição, prisão e até mesmo na morte de muitas de suas lideranças. Destaque especial merece o massacre de Eldorado de Carajás quando 19 sem terra foram barbaramente assassinados, em 17 de abril de 1996.
Muitos temem o MST, e por isso deflagram campanhas para tentar isolá-lo e desmoralizá-lo.
Na realidade o MST deve ser temido por quem sempre apostou na preservação dos privilégios de uma pequena parcela da população brasileira que concentrou terras, renda e poder. Nestes 25 anos o movimento conquistou terra para mais de três centenas de milhares de famílias e inspirou o surgimento de novos movimentos de luta, não só no Brasil, como em outros países. Mas o que de melhor e de mais importante o MST conseguiu realizar foi ter aberto o caminho da cidadania e da dignidade para milhares e milhares de pessoas que nunca antes tiveram um lugar ao sol. No movimento elas encontraram espaço, começaram a ser reconhecidas, conseguiram levantar a cabeça e se fizeram respeitar. O movimento conseguiu dar a estes milhares de brasileiras e brasileiros, o que a sociedade nacional durante séculos lhes negou, o acesso à educação, à saúde, ao reconhecimento dos seus direitos. Desde o menor acampamento à beira da estrada, até o mais organizado assentamento acompanhado pelo MST, funcionam escolas para as crianças e adolescentes e uma equipe é encarregada pelos cuidados básicos de saúde. Adultos são alfabetizados. E hoje convênios com dezenas de Universidades abrem as portas do ensino superior a um grupo humano que antes não tinha nem condições de sonhar em chegar a este estágio. Centenas de processos de formação estão forjando novas lideranças que poderão ser sementes e fermento de uma profunda transformação da sociedade brasileira.
Mesmo reconhecendo as dificuldades e os conflitos que o movimento enfrenta, próprios a qualquer agremiação humana, a Coordenação Nacional da CPT não poderia deixar de reconhecer a grande riqueza que o MST trouxe à sociedade brasileira. Felicitando-o pelo transcurso desta data, a CPT deseja-lhe que continue firme ajudando a descortinar sempre novos horizontes para os homens e mulheres do campo e a plantar novas sementes de cidadania e dignidade.
Coordenação Nacional da CPT
Goiânia, 19 de janeiro de 2009.
São passados 25 anos que marcaram a História dos Movimentos Camponeses no Brasil. A organização e combatividade do MST, a clareza de suas estratégias de luta, as conquistas de novos espaços para o assentamento de famílias, e seu envolvimento com os grandes temas nacionais e internacionais lhe renderam o reconhecimento tanto nacional, quanto internacional. No Brasil não há quem não conheça o movimento. Pesquisa do IBOPE, em meados de 2008, sob encomenda da Vale, mostrou que 97% da população brasileira conhece o MST, o que levou o instituto a concluir, em suas considerações finais, que "o MST é um movimento já incorporado pela sociedade como uma das "instituições" brasileiras".
Sua bandeira vermelha tremula de Norte a Sul do País. Seus bonés vermelhos circulam tanto nas grandes capitais, bem como nos mais distantes rincões do território nacional. E cobrem ou já cobriram a cabeça de milhares de pessoas simples, mas também de autoridades e de pessoas influentes em nossa Nação. Quando usado pelo Presidente da República provocou uma reação hipócrita daqueles que se consideram os portavozes da nacionalidade restrita a um pequeno grupo de privilegiados.
Seus acampamentos povoam as margens das rodovias, escancarando aos olhos de todos os que querem ver a escandalosa realidade agrária brasileira calcada sobre a histórica concentração de terras, deixando centenas de milhares de famílias sem a possibilidade de acesso à terra para viver e cultivar.
Se por um lado o movimento goza de imensa simpatia de diversos setores da sociedade brasileira, por outro é execrado e combatido com todas as armas possíveis - desde Decretos do poder Executivo que impedem a vistoria de áreas ocupadas, e criminalizavam lideranças, passando pelos inúmeros processos movidos contra elas no âmbito do poder judiciário, por CPIs no Legislativo nas quais se queria taxar de terroristas suas ações, chegando aos meandros do Ministério Publico, que no Rio Grande do Sul simplesmente propunha a extinção do Movimento e agora ao Tribunal de Contas da União, na tentativa de asfixiá-lo. Culmina na calúnia, perseguição, prisão e até mesmo na morte de muitas de suas lideranças. Destaque especial merece o massacre de Eldorado de Carajás quando 19 sem terra foram barbaramente assassinados, em 17 de abril de 1996.
Muitos temem o MST, e por isso deflagram campanhas para tentar isolá-lo e desmoralizá-lo.
Na realidade o MST deve ser temido por quem sempre apostou na preservação dos privilégios de uma pequena parcela da população brasileira que concentrou terras, renda e poder. Nestes 25 anos o movimento conquistou terra para mais de três centenas de milhares de famílias e inspirou o surgimento de novos movimentos de luta, não só no Brasil, como em outros países. Mas o que de melhor e de mais importante o MST conseguiu realizar foi ter aberto o caminho da cidadania e da dignidade para milhares e milhares de pessoas que nunca antes tiveram um lugar ao sol. No movimento elas encontraram espaço, começaram a ser reconhecidas, conseguiram levantar a cabeça e se fizeram respeitar. O movimento conseguiu dar a estes milhares de brasileiras e brasileiros, o que a sociedade nacional durante séculos lhes negou, o acesso à educação, à saúde, ao reconhecimento dos seus direitos. Desde o menor acampamento à beira da estrada, até o mais organizado assentamento acompanhado pelo MST, funcionam escolas para as crianças e adolescentes e uma equipe é encarregada pelos cuidados básicos de saúde. Adultos são alfabetizados. E hoje convênios com dezenas de Universidades abrem as portas do ensino superior a um grupo humano que antes não tinha nem condições de sonhar em chegar a este estágio. Centenas de processos de formação estão forjando novas lideranças que poderão ser sementes e fermento de uma profunda transformação da sociedade brasileira.
Mesmo reconhecendo as dificuldades e os conflitos que o movimento enfrenta, próprios a qualquer agremiação humana, a Coordenação Nacional da CPT não poderia deixar de reconhecer a grande riqueza que o MST trouxe à sociedade brasileira. Felicitando-
Coordenação Nacional da CPT
Goiânia, 19 de janeiro de 2009.
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